Hoje olhei para o lado de fora da minha janela, e nada mais que um dia chuvoso e amargurado por uma vontade reprimida de sair.Sair desta cortina cinzenta que me esconde do mundo exterior como se de uma armadura se tratasse.Ao longe vejo um jardim apagado pelo passar do tempo e pela frieza de uma vida de sentimentos vãos.Tento pensar nele como apenas mais um, mas não consigo.Longe vão os tempos em que para mim o mundo nada mais era que a composição das suas partes, hoje tudo muda, nada tem sentido, tudo se sente, tudo se ouve, tudo se ama.Amar esse palavrão usado por quem pensa ser inerente à vontade alheia de viver. Ninguem ama por amar, mas todos amam sem saberem o que é o amor afinal.
Volto a olhar para o mundo e não vejo onde possa reencontrar o passado no futuro do presente. Como para aquela menina no bosque a oportunidade apenas aparece uma vez e se não somos capazes de a derrotar na primeira batalha ela nos perseguira ate ao findar dos nosso amargurados dias.Volto a ouvi-la, esta aqui presente em cada palavra que escrevo, escrevo por ela, porque a calaram num mundo intermédio, sem sentido, sem amor, sem dó, sem vida, tal como este jardim à minha frente onde amargurados apagam suas magoas em busca de menos sofrimento que aquele que o simples viver já acarreta.Pede-me que não seja como ela, que viva cada segundo da minha miserável vida com o sentido de que o próximo pode já não existir.Já não quer apenas que conte a sua historia mas sim que aprenda com ela. Aprender, esse sentir que somos mais que a razão absoluta de existir mesmo nunca existindo.
Não sei porque escrevo, ou porque me escolheu ela a mim, talvez seja o único que a ouve ou só aquele que vê o mundo como ela via.Mesmo nunca sabendo porque sei, saberei que a darei a saber a todos os que infelizmente perdem os seus preciosos segundos a ler o que nunca alguém pensou contar.
O sol raia entre as nuvens no horizonte escondido da piedade dos comuns, a sua luz ilumina o jardim,as árvores ganham vida como se de deuses se tratassem do seu interior surgem o cantar dos pássaros como se a boa nova estivesse para aparecer, mas nada muda apenas mais um dia continua na amargura de um espaço sombrio e apagado.
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